Um pouco de água a mais caída em Dez. deixou uma sensação de calafrio a pairar na sociedade madeirense...
O DN, na edição do dia 13 de Janeiro, com chamada à 1ª pág., e desenvolvimento na 39 dá-nos conta da "afundação". Os menos familiarizados com o Euro dirão: em "dinheiro português" temos dois milhões e trezentos mil contos a sumirem-se terra abaixo no campo de futebol de Câmara de Lobos.
A resposta não tardou. Aqueles bonecos que se publicam do outro lado da F. de Ornelas, muito piores que o Faz Tudo e o Faz Nada no DN da minha adolescência, logo recordaram que era "coisa de comunista", escrever aquilo quem nem mestre-de-obras era. Valha-vos Deus, Srs. Jornalistas. Deveis duvidar daquilo que vedes! Recordem o adágio: nem tudo o que brilha é ouro.
Confidenciou-me uma mosca atrevida que se introduzira numa reunião do Plenário do GR que, face ao excesso de adrenalina provocado pela notícia, esteve eminente um despacho onde se fixava que dores só sentiriam os profissionais de saúde. A lei não viu a luz do dia porque alguém, menos colérico, alertou para a inexequibilidade da medida. Bem sei que a grande moda, - exercício do direito ao contraditório - foi tida em conta pelo jornalista. O Sr. Sec. foi ouvido. Viram a explicação convincente e inteligível com que S. Exa. vos brindou? É para que saibam! Estava tudo previsto. Garantiu S. Exa: "o abatimento ocorrido junto ao muro de suporte do campo de futebol de Câmara de Lobos, lado sul, deve-se unicamente ao assentamento das terras vegetais aí colocadas, destinadas à execução da zona ajardinada. Este assentamento é normal, uma vez que decorre da compactação natural do solo vegetal que será reposto oportunamente". A reposição estará já incluída nos 11,5 milhões? Ah! Grande campo graças a ti, quantos de teus filhos, como foi sugerido na inauguração, seguirão as peugadas do CR9 e trarão glória a este POVO! Um pouco de água a mais caída em Dez. p. p., deixou uma sensação de calafrio a pairar na sociedade madeirense. Um amigo meu que, já cá não vinha há anos, na tarde fatídica, atravessou o túnel que o levaria a S. Vicente, donde seguiria para Ponta Delgada, confessou-me ter sido acometido pelo medo. Acrescentando de seguida que, optara por percorrer a Estª velha pelas Feiteiras por lhe parecer mais segura. A razão esteve com ele. Evitou, pelo menos, um banho forçado. Houve muita gente calada nesse período. Uns piquinhos de carne vinha d'alhos mantinham a boca cheia e como não se deve falar nessa situação… A bátega que caiu foi como se a cozinheira se esquecesse do bolo coberto por belo creme ao alcance do gato. O bicho lambeu o creme e ficou, à vista de todos, um bolo duro e bolorento. Não servirá de nada insultar jornalistas. Pensando melhor, talvez sirva. Aumenta o ridículo.
A RAM prospera. Garantiu o Sr. Vice-Pres. que fizera o trabalho de casa com esse objectivo. Voltar-se-á a cobrir o bolo. Julgo, porém, de grande utilidade conseguir-se que um arqueólogo nos dê os planos de construção da ARCA DE NOÉ. Caso sejamos fustigados por outra tempestade, refugiam-se, os que puderem, na Arca. Salvam-se, assim, casais do «Homo madeirensis». Garantimos o repovoamento, e, o eugenismo permitirá que nos afastemos dos portugueses que já no séc. XIX geravam cenas caricatas. Uma delas foi a inauguração do «Índia». Barco que fora concebido segundo as mais modernas técnicas para sulcar os mares, e El-Rei, com foguetes e banda, (Eça não fala na distribuição de espetada ao POVO) inaugurou-o. O barco, porém, metia um palmo de água por dia. Era como o campo de futebol. Afundava.
Por : Gaudêncio Figueira
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