A ideia da construção de um miradouro à margem do início da rua da Carreira, donde é possível desfrutar uma magnífica panorâmica tanto do varadouro, como da baía de Câmara de Lobos, ainda que pudesse ser antiga, só na sessão camarária de 22 de Junho de 1960 é, pela primeira vez, é tornada pública.
Com efeito, nesta reunião, por proposta de António Prócoro de Macedo Júnior, então presidente da edilidade, a Câmara delibera a construção de um miradouro na margem esquerda da rua da Carreira, encarregando o Eng. Aires Dionísio Marques de Oliveira Pestana do respectivo projecto.
Na sessão do dia 24 de Agosto, por ocasião da apresentação do plano de actividades para o ano seguinte, a Câmara volta a insistir na necessidade de dar seguimento à deliberação de 22 de Junho.
Contudo, a ocorrência de imprevistos terão atrasado o projecto, tal como de resto é dado conta na sessão camarária de 23 de Agosto de 1961, quando a obra volta a ser incluída no plano de actividades para o ano seguinte, com a justificação de que por atraso na realização do projecto, não havia ainda sido possível realizar a respectiva obra.
Na sessão camarária de 11 de Outubro de 1961 é presente um ofício do Eng. Aires Oliveira Pestana, a quem a Câmara no ano anterior havia incumbido de realizar o projecto do miradouro, declinando o convite efectuado. Perante esta recusa, é então escolhido o Eng. José Manuel Gomes Ribeiro de Ascensão, que já na sessão seguinte o apresenta ao elenco camarário, que, o aprova e solicita ao Estado uma comparticipação financeira, destinada a custear as despesas com a sua construção.
A 26 de Setembro de 1962 tem lugar o concurso de arrematação das respectivas obras, sendo de 52.200$00 o valor da adjudicação, feita a Manuel Figueira de Faria.
As obras, no entanto, muito provavelmente só se terão iniciado em 1963, uma vez que, na sua reunião de 28 de Agosto desse ano, ao apresentar o plano de actividades para o ano seguinte, a Câmara depois de enaltecer o contributo do miradouro para uma melhor valorização da vila de Câmara de Lobos, refere que, ao ter conhecimento de que estava prevista uma comparticipação para esta obra, havia resolvido dar início à sua execução, estando na altura, os trabalhos bastante adiantados e prevendo-se para breve a sua conclusão.
Efectivamente assim terá acontecido, uma vez que na sessão de 11 de Dezembro de 1963, foi presente um ofício do Eng. Aires Oliveira Pestana enviando um exemplar da liquidação final da respectiva empreitada.
Nunca tendo havido qualquer deliberação, relativamente à denominação a dar a este miradouro, ainda que surja mais frequentemente como miradouro do Espírito Santo e Calçada, a verdade é que também o encontramos várias vezes referido, nomeadamente no livro de actas da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, como miradouro de Winston Churchill, reflectindo uma certa relação entre Churchill e a iniciativa tomada pela Câmara, no sentido da sua construção.
Aliás, na sessão camarária de 24 de Agosto de 1960, esta conclusão é de certa forma evidenciada quando o presidente da Câmara salienta como justificação para a sua iniciativa o facto de, no local, não só existir uma rocha com mau aspecto, como também de ter sido aí que, por ocasião da sua visita à Madeira, Winston Churchill pintou um quadro alusivo à baía e por esse ser facto muito visitado por estrangeiros.
A associação de Churchill a este miradouro viria a ter continuidade, depois da sua construção, primeiramente através da colocação, no local, de uma moldura contendo uma foto de Winston Churchill a pintar a baía de Câmara de Lobos e depois, mediante a colocação de um painel platinado de bronze, mostrando um cavalete de pintura e a inscrição Aqui pintou em 1950 Winston Churchill.
Pretendendo perpetuar a passagem de Winston Churchill, por Câmara de Lobos, na sessão camarária de 9 de Março de 1978, é lavrado em acta uma proposta formulada, numa das anteriores sessões, pelo Dr. António Vitorino de Castro Jorge e aprovada por unanimidade, no sentido de que fosse colocada uma estátua de Winston Churchill no miradouro sobranceiro à baía e, em cujas proximidades havia estado, em Janeiro de 1950, a pintar [1].
Apesar de aprovada, a proposta do Dr. Castro Jorge, não seria concretizada nos moldes unanimemente aceites, mas sob a forma de um painel [2], numa iniciativa, não da Câmara Municipal, mas da Direcção Regional do Turismo. Com efeito terá sido João Carlos Abreu, que terá tomado a iniciativa da homenagem, convidando o pintor Henrique Afonso Costa [3] para a elaboração de um painel alusivo à passagem de Winston Churchill, por Câmara de Lobos.
A colocação deste painel no miradouro teve lugar no decurso de 1981, muito provavelmente em finais de Abril, princípios de Março. Com efeito, na sessão camarária de 23 de Abril de 1981, é presente um ofício da Direcção de Turismo da Madeira, pedindo autorização nesse sentido, o que merece não só aprovação como regozijo por parte da Câmara.
1] Atenção, colocar a data correcta em que esteve a pintar.
[2] SAINZ-TRUEVA, José; VERíSSIMO, Nelson. Esculturas da Região Autónoma da Madeira - Inventário. RAM, SRTC e DRAC, Funchal, 1996.
[3] Henrique Afonso Costa, autor do painel alusivo a Winston Churchill, era natural de Cascais, onde nasceu a 18 de Setembro de 1912. Era filho de Raúl Afonso Costa e de Margarida Amora Matias. Fixou residência na Madeira, como pintor de publicidade, mas onde para além da publicidade se dedicou ao restauro e a trabalhos diversos de pintura, nomeadamente sacra, havendo obras suas em algumas igrejas da região como São Martinho, Canhas, São Jorge, Gaula, Calheta, Seixal, etc.
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